No clima da virada do calendário para 2022, decidi colocar sobre a mesa o meu bolômetro de cristal, a fim de arriscar algumas previsões para o que resta desta mal começada década. Aos patrulheiros de plantão, alerto que não coloco aqui nenhuma emoção, move-me apenas a boa e simples lógica aplicada à análise racional da cena posta neste final de 2021 e das tendências verificadas no período recente. Candidato-me a vidente, não torcedor.
1.
Lula vai ganhar a
eleição em 2022.
2.
Em 2023 o Brasil
vai reativar o Mercosur e firmar pra valer o acordo bilateral de livre comércio
do Mercosur com a União Europeia. Vai também voltar com força para os braços
dos BRICS, aquecendo a retomada dessa grande parceria internacional.
3.
Em 2024 o Banco
dos BRICS vai se consolidar e será lançada a moeda de referência dos BRICS para
o comércio internacional, independente do dólar.
4.
Em 2025 será
firmado um acordo entre os BRICS e o Mercosur para adoção da nova moeda de
referência no comércio entre os participantes desse acordo.
5.
A partir de 2026
outros países e blocos irão gradualmente aderir à nova moeda do comércio
internacional, ameaçando a hegemonia do dólar.
6.
O PIB China vai
ultrapassar o dos EUA em 2026.
7.
A partir de 2026,
perdendo o privilégio de ser a moeda exclusiva para o comércio internacional, o
Dólar sofrerá progressiva e irreversível desvalorização externa. O resultado
dessa desvalorização será o retorno massivo ao lar da imensa quantidade de
dólares em circulação no exterior. Grandes investidores ingressarão nos EUA
trazendo dólares e comprando setores estratégicos da cultura e economia
estadunidenses, a exemplo do que já vem ocorrendo. O resultado desse processo
será o excesso de moeda em circulação interna, gerando hiperinflação nos EUA.
8.
Em 2027/2028,
aproveitando a desvalorização do dólar, os países devedores quitarão seus
débitos com os EUA, que receberão ainda mais dólares, agravando o processo
inflacionário, fazendo o dólar perder poder de compra também dentro dos EUA.
9.
Em consequência
desse processo, 2028 será um ano de crise para o mercado financeiro
estadunidense e internacional, lastreado em dólar. As maiores instituições
financeiras globais ficarão insolventes, gerando um efeito dominó.
10. Em 2029 viveremos uma nova Crise de 29, com o sistema financeiro internacional no auge do
stress, chegando a um ponto de fratura. As criptomoedas farão seu papel na erosão
do sistema financeiro tradicional, dando origem a sistemas alternativos.
11. A década de 2030 marcará um novo período
macroeconômico, num cenário global descentralizado, embora com hegemonia da
China, a nova potência mundial. O poder hoje concentrado nas mãos dos investidores
que controlam o sistema monetário internacional, com a derrocada desse sistema,
retornará aos produtores de bens e serviços, como outrora, nos tempos da
revolução industrial. Os blocos continentais se consolidarão, proporcionando
desenvolvimento sustentado e melhor distribuído. A diversificação dos fluxos de
comércio e parcerias internacionais promoverá o desenvolvimento socioeconômico
em regiões hoje marginalizadas, como África e América Latina.
12. A praga do neoliberalismo econômico, se não erradicada
de vez, entrará em decadência, deixando espaço para maior distribuição de
renda, redução da pobreza extrema, desaparecimento dos bolsões de miséria e
fome congênita. Novas condições de trabalho e renda serão conquistadas e
desenvolvidas, resultando na universalização do acesso a escola, saúde e
moradia.
13. Os anos 2030 também serão marcados pelos automóveis
elétricos autoguiados, entregas por drones e drones tripulados causando
congestionamento no espaço aéreo urbano.
14. Além dessas tendências, é importante lembrar que a
década atual marcará o fim da era dos combustíveis fósseis, com a decadência da
indústria do petróleo e a humanidade ingressando, a partir dos anos 30, na era
da energia limpa, de fontes renováveis, desativando usinas termonucleares e termoelétricas
a óleo e carvão. Com o aproveitamento da energia solar, eólica e das marés,
também os grandes lagos de usinas hidroelétricas ficarão obsoletos, com os rios
sendo devolvidos ao seu curso normal. Espero estar vivo para rever a maravilha
das Sete Quedas emergindo das águas do lago de Itaipu.
15. Tudo isso se, numa tentativa desesperada de resistir
ao avanço da História, os EUA não inventarem uma nova guerra, como costumam
fazer sempre que a situação não é favorável às suas corporações. Entretanto,
tal tentativa seria vã e os rescaldos de uma guerra perdida acelerariam a decadência.
Alberto Centurião – Coach, consultor e dramaturgo.