sábado, 24 de junho de 2023

TransformAção 1 – Laboratório de Mudança Pessoal


 

Autoanálise, reflexão e definição de rumos

Pela Abordagem TPA – Transformação Pessoal Autônoma

O que é?

TransformAção é uma série de vivências destinadas às pessoas que pretendem investir em aprimoramento pessoal por meio do autoconhecimento e identificação dos próprios recursos, com o propósito de definir metas e caminhos, tanto no aspecto pessoal quanto profissional.

A Abordagem TPA tem o propósito de colocar a pessoa no centro do seu processo de transformação pessoal, com autonomia para fazer escolhas e traçar os próprios caminhos.

TransformAção 1 – Laboratório de Mudança Pessoal – com foco em Autoanálise, reflexão e definição de rumos – é a primeira dessas vivências.

A quem se destina?

·         Buscadores de si mesmos

·         Desejosos de mudar

·         Ansiosos por crescer

·         Dispostos a despertar

Como funciona?

O programa é estruturado em seis sessões em grupo, cada uma delas abordando uma pergunta existencial:

1.       De onde eu vim?

2.       Onde eu estou?

3.       Quem sou eu?

4.       Para onde vou?

5.       Quem serei?

6.       Meu legado.

Qual a duração?

·         6 sessões em grupo

·         Duração de 2 horas

·         Totalizando 12 horas de atividades.

·         Sessões individuais de acompanhamento (opcional).

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Para quem pretende mudar

 


Um laboratório vivencial destinado às pessoas que pretendem investir em aprimoramento pessoal por meio do autoconhecimento e identificação dos próprios recursos, com o propósito de definir metas e caminhos, tanto no aspecto pessoal quanto profissional.

sábado, 24 de dezembro de 2022

Natal – tempo de Paz

 Vizinhas e Vizinhos!

Estamos unidos pela linguagem, pela cultura, pelo território, pela nacionalidade.

“Que ninguém separe o que Deus uniu”. (Mateus 19.6.)

Somos uma só gente, um só povo, uma só Nação.

“Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.” (Mateus 12.25).

A gente se ama, lembram?

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. (João 15.12.)


Natal – tempo de Amor, tempo de paz, tempo de União.

Feliz Natal!

Brasil, 24/12/2022

Ione Prado & Alberto Centurião

Prece de Natal

 Senhor Jesus, que se fez menino por muito nos amar, que se submeteu às asperezas da existência biológica neste planeta lindo, mas ainda tão maltratado por esta humanidade sofredora, que vem a nós com a ingênua fragilidade da criança indefesa, tem piedade de nós.

Nós que te fustigamos quando deixamos de atender a um irmão necessitado, que te apedrejamos e crucificamos com nossos atos de autocomiseração, dando vazão aos nossos impulsos autodestrutivos. Tem piedade de nós, que tardamos pelos caminhos recusando-nos a aprender, que perdemos a esperança nos desvãos da loucura consumista.

Meu Bom Jesus, concede-nos a graça de ser ainda uma vez crianças como tu: paciente entre os doutores, alegre ante os que sofrem de tristeza, afável entre os que se acotovelam conosco na disputa por um lugar de destaque entre a multidão.

Jesus amado, que aquele coral de vozes angélicas que ainda soa na manjedoura de Belém venha afagar nossos ouvidos e confortar-nos em Espírito e Verdade, para que possamos transitar neste mundo com a doçura de um sorriso de criança e o pulso firme do carpinteiro laborioso, a fim de sustentarmos nossos irmãos em humanidade.

 Feliz Natal, Jesus, Mestre querido, é o nosso desejo, sabendo que tua felicidade inclui a nossa e que, para sermos felizes, haveremos de buscar forças e meios para espargir gotículas de felicidade à nossa volta.

Feliz Natal, Jesus! Sê bem-vindo novamente entre os homens e as mulheres de Boa Vontade.

São Paulo (GESTo), Natal de 2011
Irmão Jardim – Psicografia AC

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Brasil – A Febre

Essa fase que nós, sociedade brasileira, estamos passando, parece uma febre. Parece, não. É. Analogamente a um processo infeccioso no organismo físico, vivemos intensa fase febril no organismo social.

Febre não é doença. Como sabem os esculápios, febre é sintoma. Indicativo, na maioria dos casos, de processos infecciosos causados por vírus e bactérias. Viroses têm ciclo de curta duração, ocasionando processos agudos com maior ou menor gravidade. Já as bactérias são mais pertinazes, persistindo no organismo por tempo indeterminado, sustentando infecções crônicas que podem, eventualmente, se agravar produzindo quadros agudos.

Pois bem, consideremos uma infecção bacteriana crônica, difusa, com que convive há muito tempo o organismo; no caso, o nosso organismo social, vulgo Brasil. A doença estava lá, mas em geral não era notada ou não se lhe dava atenção, devido aos quadros febris leves e passageiros e, embora causasse algum mal-estar eventual, era tolerada pelo paciente, que negligenciou o tratamento.

Havendo, porém, uma infecção instalada, há sempre o risco de o quadro crônico evoluir para agudo, bastando para isso uma queda na capacidade de resposta do sistema imunológico ou uma eventual agressão ao organismo. Foi o que aconteceu no Brasil. A baixa resposta imunológica pode ser causada por inúmeros fatores que debilitem o organismo, como alguma doença incidental ou crônica, parasitose, traumas físicos ou psicológicos, a senectude e a desnutrição, que pode ter origem na falta ou no excesso alimentar.

Viramos o século com o organismo social convalescente de um câncer do qual fomos acometidos por mais de duas décadas, de meados de 60 até que o organismo reagiu na década de 1980. Como sabe quem já teve câncer, o medo da recidiva permanece como sequela psicológica e foi isso que aconteceu com o nosso Brasil. Convalescentes e amedrontados, queríamos esquecer o câncer do militarismo evitando falar dele, fazendo de conta que nunca existira, embora cada gripe ou diarreia nos fizesse lembrar dos anos de chumbo. Ocorre que a existência ou o temor de uma doença pode ocultar outra, que acaba avançando por falta de tratamento, porque o paciente – o organismo doente – confunde os sintomas e se equivoca no tratamento.

Assim foi no Brasil, que, por medo do mito da caserna, deixou de olhar para as feridas abertas no tecido social, convivendo passivamente com as bactérias do sexismo, da exclusão, do preconceito e do fundamentalismo. E desse modo vivemos até a virada do século, debilitados econômica e socialmente.

Os anos zero zero foram marcados pelo fim dessa convalescença. Superado o risco de recidiva, diagnosticado em remissão do antigo câncer, o organismo social pode se permitir algumas extravagâncias; como ir para a universidade, distribuir renda, sair do armário, viajar de avião e tomar três refeições ao dia, incluindo picanha no cardápio. Mas a bactéria estava lá. A bactéria do fascismo, o ovo da serpente. Fisiologismo político, corrupção endêmica na administração e nos serviços públicos, déficit na educação de base, bolsões de miséria urbana e rural, convivendo com um próspero mercado da fé, que, nutrido pelo analfabetismo social, desembocou no fundamentalismo religioso.

O primeiro surto da febre eclodiu em 2013, ano marcado por distúrbios sociais de pauta indefinida. Tomado de surpresa, o organismo que se pretendia saudável não tinha anticorpos para combater tais bactérias, ainda mal identificadas. O surto passou e aparentemente foi retomada a normalidade, só que não. A infestação crônica, que vinha de longe, não apenas permaneceu, mas entrou em acelerado processo de multiplicação, que, silenciosamente, foi se alastrando pelos órgãos até se tornar generalizada. Então veio a febre. Intensa, traumática, debilitante. Esse período febril já dura oito anos, período equivalente a dois mandatos presidenciais. Enfraquecido, o sistema imunológico demorou a reagir e a febre alcançou níveis críticos a partir de 2019, provocando prostração e convulsões. Esse mal-estar geral foi assustador, pois quem já se curou de um câncer convive com esse fantasma em seu imaginário generalizado. Houve momentos em que os médicos questionaram se o organismo teria forças para resistir a tão formidável ataque bacteriano, ou se haveria de tornar-se definitivamente pasto aos micróbios.

Mas, como dissemos no início, febre é sintoma e indica que o organismo está em luta contra os agentes infecciosos. O que causa a febre é o metabolismo acelerado, necessário à produção de anticorpos para o confronto, que ocorre em nível celular. O surto febril mais intenso, portanto, se dá quando o organismo funciona em alerta máximo contra o invasor, colocando todos os órgãos em ação defensiva e colocando em circulação os macrófagos famintos de células infectadas. Considerando que somos todos células do tecido social, cada cidadão que luta em defesa da liberdade e da igualdade de direitos é um leucócito, um macrófago , um fagócito que age neutralizando a proliferação das bactérias, combatendo a infecção em seu ambiente, sistema ou órgão.

É hora de auxiliar o doente, ministrando antibióticos. Mas que seriam antibióticos a serem ministrados em escala social? Lideranças. Comunicação de massa e mobilizações coletivas, agentes de organização social da militância organizada, fatores de alinhamento de forças e objetivos; antagonistas em alianças eventuais para confrontar um inimigo comum. Foi o que aconteceu no Brasil nos últimos quatro anos. Era preciso conter o processo infeccioso que veio a furo.

Vale destacar que antibióticos podem ser bactericidas ou bacteriostáticos. Os bactericidas causam a morte de bactérias, enquanto os bacteriostáticos atuam impedindo a multiplicação delas. Na hora de eleger um antibiótico para o tratamento, o doutor deve tomar uma decisão: seu objetivo é eliminar as células infectadas ou neutralizá-las, impedindo sua proliferação? Sua ação será repressiva ou educativa?

Alguém sempre vai argumentar em favor da autodeterminação das células, defendendo sua liberdade de agir e expressar opiniões a qualquer preço, mas é preciso lembrar que até mesmo o homicídio se justifica, quando em legítima defesa. Quando a febre recrudesce, é necessário questionar o que vale mais: a célula ou o organismo? Lembrando que, se o organismo sofre, as células sofrem com ele; e se o corpo morre, as células morrem também. Portanto, quando o estado febril se agrava em decorrência de uma infecção agressiva, é preciso avaliar se o organismo tem o direito de impedir essa célula de inocular bactérias patogênicas em outras células do seu entorno, ou se é à célula que seria dado o direito de fazer o que bem entender. É chegado o momento de traçar um limite entre o interesse individual e o coletivo. Fazer a distinção entre o direito a opinião e o pretenso direito de difundir mentiras, insultos, notícias falsas e propagar opiniões tóxicas. Cabe ao organismo agir em legítima defesa, ministrando os antibióticos disponíveis na farmacopeia constitucional e na farmácia jurisdicional.

Os meses de setembro e outubro de 2022 foram marcados pelo auge do processo febril, quando houve sério risco de septicemia – a infecção generalizada –, capaz de levar o doente ao cemitério e retrogradar a sociedade aos anos de chumbo por tempo indefinido. Felizmente, graças à ação antibiótica de uma grande liderança, associada a outras lideranças aliadas, mas também graças ao heroísmo individual das células combatentes, finalmente a febre começou a ceder. Passada a fase crítica da doença, já superamos o risco de septicemia e confiamos que o doente vai sobreviver ao processo infeccioso. Os meses de novembro e dezembro de 2022 marcam o período crítico da recuperação. A infecção ainda resiste em focos isolados, atacando em órgãos secundários, como estradas e portas de quartéis, mas o corpo do nosso Brasil vai aos poucos recuperando seu viço e vigor, nutrido pelo tônico da esperança e o depurativo do amor à liberdade.

Debelada a fase aguda, será necessário fazer profilaxia e fisioterapia para revigorar o organismo, evitando-se as recaídas. Resta saber quais medidas profiláticas, com utilização dos tônicos da arte, os antitóxicos da educação e os estimulantes da Igualdade por meio da inclusão cultural, social e econômica serão ministrados, na medida necessária para a erradicação da moléstia, ou se alguns focos infecciosos persistirão, mantendo a cronicidade do estado patológico não devidamente extinto. Fato é que a sociedade brasileira ainda terá que conviver com o fascismo endêmico existente no passado, com a diferença que agora esses focos infecciosos estão devidamente identificados e poderão receber tratamento eficaz por meio da homeopatia da educação, dos alopáticos da comunicação e da acupuntura da arte; sob pena de recrudescer no futuro, sobrevindo novo surto dessa febre social tão deletéria.

Seja como for, o organismo, bastante traumatizado, precisa agora de tratamento intensivo para a desintoxicação dos relacionamentos, a reconstituição da flora intestinal nos campos profissionais e a rearmonização dos tecidos nervosos e do sistema emocional no âmbito familiar e religioso. Para que todas as células deste organismo social, ou pelo menos a maioria delas, redescubram que amar o país é, sobretudo, amar as pessoas que nele habitam e isso inclui acolher e tratar os doentes e desequilibrados, porque uma sociedade saudável ensina seus filhos a conviver com os diferentes.

Essa fase convalescente requer dieta estimulante e desintoxicante, regada a festa e alegria. Uma junta de especialistas já foi enviada ao exterior em busca de um poderoso agente de comoção e integração social, a ser adquirido logo ali, na farmácia do Catar, um produto dos Laboratórios FIFA. Se nossos expedicionários forem bem sucedidos e nos trouxerem o tão esperado Hexa, quiçá em breve estejamos todos nos abraçando e pulando de alegria, a redescobrir juntos o prazer de ser brasileiros.

AC – 21/11/2022

terça-feira, 19 de abril de 2022

Teatro-treinamento – Uma nova maneira de treinar

Como fazer para obter o máximo aproveitamento dos programas de treinamento? Essa questão recorrente em RH, marketing e vendas, é a mola propulsora dos esforços para inovar na linguagem, buscando técnicas e metodologias capazes de prender a atenção, reduzir as resistências, aumentar a compreensão e a retenção, proporcionando mudanças de atitude e comportamento nas equipes treinadas.

Nas empresas que mantém programas continuados de treinamento existe a preocupação constante de inovar na linguagem para não cair na mesmice dos modelos tradicionalmente adotados em sala de aula. Mesmo as metodologias mais participativas, como os treinamentos apoiados em técnicas dinâmicas interativas, tornam-se previsíveis e se desgastam pela aplicação continuada, tornando os programas de treinamento previsíveis e desinteressantes.

Quanto mais desgastada a fórmula empregada, menor o índice de atenção e, consequentemente, de retenção e assimilação dos conteúdos trabalhados.

A velha fórmula da palestra – ou aula expositiva - é a que proporciona os mais baixos índices de assimilação e compreensão, por dois motivos principais. Primeiro porque propõe estimulação essencialmente lógico-racional, que com frequência esbarra nas defesas psicológicas ou no baixo envolvimento emocional da assistência. Segundo, porque se apóia essencialmente no estímulo auditivo, subaproveitando os outros potenciais comunicativos do ser humano.

Alguns expoentes da consultoria têm-se esforçado para trazer alguma renovação a esse gênero de treinamento, desenvolvendo palestras performáticas e transbordantes de emoções, que vão das lágrimas às gargalhadas. Apesar de todo esse esforço, porém, o que se observa é que tais estímulos são de curta duração, desfazendo-se ao fim de alguns dias. Ao se aferir o aproveitamento, em geral se constatam baixos índices de compreensão e retenção. Outra limitação desse gênero é que em geral cada palestrante desenvolve duas ou três fórmulas, que vai repetindo ano após ano. Para quem vê pela primeira vez é interessante, mas perde grande parte do encanto quando a experiência se repete.

Os treinamentos com utilização de metodologia vivencial são em geral mais criativos e trabalham melhor os conteúdos emocionais, porém, depois de uma série de treinamentos para o mesmo grupo, esse método torna-se previsível, perdendo parte do seu efeito. Outras limitações são a restrição ao número de participantes – trabalha-se, em geral, com grupos de 15 a 25 pessoas – e o tempo demandado pela atividade vivencial. Tais cursos precisam de carga horária extensa para trabalhar conteúdos restritos em pequenos grupos, implicando em inúmeras repetições para treinar um número maior de colaboradores. Entretanto, apesar dos custos elevados com horas paradas e infraestrutura para inúmeras repetições, essa metodologia geralmente apresenta bons índices de aproveitamento.

Nesse contexto carente de instrumentos inovadores surgiu o teatro-treinamento, uma aplicação da linguagem artística com finalidade utilitária. Arte milenar, o teatro é uma linguagem universal, capaz de tratar – e retratar em cena – qualquer conteúdo, seja ele moral, técnico ou filosófico. Em minhas peças já desenvolvi temas como qualidade, atendimento, vendas, estratégia, liderança, gestão de crise, motivação e qualidade de vida.

Mais do que ao fruir estético, o teatro-treinamento se destina a ensinar algo à plateia. Mais do que divertir, busca transmitir conceitos e estimular a formação de mentalidade em torno das questões propostas em cena, resultando em mudanças de atitude e comportamento.

De onde vem a enorme capacidade que o teatro tem de, através da ação vivida pelas personagens, envolver emocionalmente e magnetizar a assistência?

Esse envolvimento se dá através do fenômeno da identificação psicológica. Identificando-se com o drama vivido pelas personagens em cena, o espectador se associa a elas, vivenciando solidariamente suas experiências existenciais. Essa vivência emocional compartilhada tem por efeito a queda das barreiras psicológicas, de modo que o indivíduo torna-se totalmente acessível às ideias e emoções da cena. Trabalhando com índices mínimos de resistência, a peça de teatro proporciona comunicação isenta de ruídos e barreiras, com alta receptividade. O resultado será a total assimilação dos temas abordados, a compreensão dos aspectos humanos envolvidos e índices de retenção mnemônica incomparáveis, pois a informação veiculada pelo teatro viaja pela via tripla da audição, da visão e dos sentimentos.

Outra vantagem do teatro como linguagem para treinamento é o seu espantoso poder de síntese, que permite processar grandes massas de informação em curto espaço de tempo. Em uma peça com duração de uma hora é possível trabalhar conteúdo equivalente a vinte horas de treinamento vivencial ou quatro horas de palestra, com índices superiores de assimilação. Além disso, o teatro permite que se trabalhe com grandes grupos sem perda de aproveitamento, minimizando o investimento em horas de paralisação na atividade e reduzindo o custo percapita do treinamento.

Evidentemente, cada metodologia tem o seu lugar e cumpre um papel importante dentro do contexto de treinamento. Nesse universo, porém, o teatro-treinamento surge como um novo alento, capaz de romper com o tédio e a mesmice, racionalizando custos e multiplicando resultados, funcionando isoladamente ou inserindo-se harmoniosamente numa programação integrada com as linguagens tradicionais.

Alberto Centurião (HTTP://albertocenturiao.blogspot.com.bralbertocenturiao@gmail.com)

É consultor, autor e diretor de Teatro-treinamento.

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Teatro-treinamento: a linguagem


Teatro é linguagem. Poderosa, com alto poder de síntese, rica de possibilidades estéticas e capaz de proporcionar impacto múltiplo e diversificado. Como toda linguagem, o Teatro tem gramática e vocabulário próprios e serve para comunicar qualquer conteúdo.

Não existem temas impossíveis para o teatro, assim como não existe uma temática preferencial. Política, religião, ciência, filosofia, ética, moral, o ridículo e as paixões humanas, o direito e a força, as razões pessoais e as razões de estado, a paz e a guerra, assuntos íntimos e públicos, individuais e coletivos, vêm sendo matéria do teatro há mais de dois mil e quinhentos anos.

Teatro é linguagem, assim como toda forma de expressão, artística ou não. Linguagem com códigos próprios, gramática própria e vocabulário específico, que se apropria do vocabulário de outras linguagens, utilizando-o dentro das suas próprias regras gramaticais. Por vocabulário, entendemos todos os elementos significantes (as palavras) de qualquer linguagem. Por exemplo a cor para a pintura, os movimentos para a dança, o espaço para a arquitetura etc.

Algumas características desta linguagem, entretanto, fazem dela um instrumento particularmente poderoso quando aplicado a qualquer programa educativo e, por extensão, de treinamento.

1.    Assistir a uma peça de teatro, ou participar da ação dramática, é uma experiência diversa e diversificada. Diversa, porque foge ao padrão de vivência habitual, quotidiano. Diversificada, porque essa experiência expõe o indivíduo a um bombardeio de estímulos múltiplos e intensos, que raramente encontra em outras situações.

A atitude do indivíduo diante de uma peça, portanto, é de alerta. O nível de expectativa é sensivelmente mais alto do que o suscitado por qualquer atividade de treinamento convencional. O indivíduo tende a se manter num estado de prontidão, atento ao jogo, participando dele através da identificação, interagindo com os atores-personagens, seja ostensivamente, seja no silêncio de sua consciência e de suas emoções.

O teatro gera um fato novo, uma quebra da rotina, que, aliada à diversão, potencializa o evento de treinamento, emprestando-lhe significado transcendente.

2.    A possibilidade de apresentar cenas onde as situações se realizam, com as diversas personagens defendendo seus pontos de vista, proporciona ao teatro instrumentos muito eficazes para transmitir informação logicamente estruturada e desenvolver conceitos e idéias. O conflito, a analogia e a identificação são os principais recursos desse instrumental lógico.

Nada mais eficaz para explicar e demonstrar alguma idéia, do que fazer a coisa acontecer diante das pessoas. Observar a situação ocorrendo, presenciar o debate entre os pontos de vista conflitantes, conhecer cada uma das partes envolvidas e ter a oportunidade de identificar-se com elas, entendendo melhor os seus motivos e linhas de raciocínio, os valores e os sentimentos envolvidos. O teatro tem recursos ideais para proporcionar essa experiência.

A identificação despertada pela experiência teatral cria empatia com as personagens da cena e com as situações retratadas. Esta empatia gera aceitação e envolvimento com os conteúdos trabalhados, que são assimilados ao nível das emoções, além da razão.

Apresentar uma idéia, ou uma informação, vista por diferentes focos, por diferentes pessoas; fazer com ela ensaios e simulações, mergulhar nos sentimentos pessoais que desperta, esse é um milagre que o teatro pode realizar.

3.    O potencial emotivo é maior do que em outras linguagens. A informação no teatro não é fria. Todo conteúdo veiculado através da cena viaja impregnado de emoção. Não se dissocia razão de emoção. Essa característica contribui para a superação de barreiras (defesas) emocionais e resistências psicológicas, ou mesmo ideológicas, aos temas tratados.

Através do jogo de identificação, o indivíduo se envolve emocionalmente, despojando-se de medos e preconceitos. A partir daí, feito uma criança, está disponível para a experiência.

Entretanto, assim como a criança em seu jogo de faz-de-conta não perde a noção crítica das coisas, o espectador do teatro também permanece na posse de toda a sua capacidade intelectual, aguçada pelo alto nível de atenção. A visão crítica é preservada no teatro.

4.    A experiência estética é significativa. A cena é objeto de fruir estético. A beleza está presente no teatro, proporcionando um nível adicional de satisfação ao espectador.

Bertolt Brecht, o mestre do teatro didático, autor de tantas peças didáticas, de propaganda ideológica, afirmou certa vez que “a função social do teatro é divertir”. Antes de tudo, teatro é diversão, prazer. Assistir a uma peça é participar de um jogo prazeroso. E, divertindo, o teatro tem acesso irrestrito ao indivíduo.

Lembrando a definição de Stanislavski, que condiciona o teatro a “forma artística”, concluímos que o fruir estético, mais do que um valor agregado, é via de acesso do teatro ao espectador. A expressão “assistir a uma peça” refere-se ao prazer de presenciar algo que vale a pena ser visto (e ouvido, e sentido).

Buscar uma forma artística não empresta por si só o status de obra de arte a qualquer representação teatral. Da mesma forma que nem toda pintura é arte, nem toda peça de teatro merece tal status. Muitas peças de teatro não alcançam a transcendência criativa e o nível de realização que caracterizam as obras de arte. Considero-as, com todo o respeito, peças de artesanato. Isso nada tem a ver, entretanto, com a temática e os objetivos da peça. Voltaremos ao assunto quando tratarmos do velho cisma entre arte pura e arte utilitária.

5.    Ao atingir o espectador em três níveis - racional, emocional e estético, o teatro é capaz de gerar um registro muito mais consistente na sua memória. Esquece-se de um filme, um livro, um vídeo, uma aula. Mas não se esquece de uma peça de teatro. Mesmo quando não apreciada especialmente, uma peça de teatro é inesquecível.

Certa vez, interrogado sobre o motivo por que se dedicava prioritariamente ao teatro e tão pouco ao cinema e à televisão, o ator Paulo Autran respondeu: “Porque eu me lembro de uma peça de teatro que assisti há dez anos e não me lembro de um filme que assisti há um ano, ou de um programa de televisão que assisti há uma semana”.

Esta é uma característica do teatro: atingir em profundidade o espectador, criando uma experiência inesquecível. Transferido para um programa de treinamento, este fato resulta em alto índice de assimilação e retenção do conteúdo enfocado.

Faça uma rápida consulta à sua memória. Que peças você assistiu? Lembra-se de todas? Recorda-se de muitos detalhes? Peças assistidas há muitos anos estão obturadas à sua memória? Emoções são despertadas só de lembrar certa cena? Receio que sim.

E dos livros que leu, lembra-se de todos, ou da maioria deles? Receio que não.

Filmes? Provavelmente, menos ainda. Televisão? Quando? Na semana passada? Quem? Eu? Onde está Wally?

6.    O poder de síntese da linguagem cênica é muito superior ao de outras linguagens. Ao lançar mão dos recursos expressivos (vocabulário) de todas as outras artes - literatura, pintura, escultura, música, dança, arquitetura - e incorporando ainda as novas tecnologias - projeção bi e tridimensional, iluminação, efeitos luminosos, sonoros e mecânicos - o teatro apodera-se de um vocabulário extremamente poderoso e adquire surpreendente poder de síntese, que permite a expressão de extenso conteúdo informativo em poucos minutos de cena.

Ao agregar elementos das outras artes, o Teatro atinge o espectador em três níveis, pois uma peça é algo para ser visto, ouvido e sentido. Como dizem os estudiosos de Programação Neurolingüística, trata-se de uma experiência total, que atinge o indivíduo pelos canais visual, auditivo e cinestésico (sensorial e intuitivo). Isto permite ao teatro comunicar, em curto espaço de tempo, um grande volume de informações. Dessa forma, uma peça de teatro equivale, em conteúdo, a pelo menos dez vezes mais tempo de treinamento convencional, com técnicas expositivas e vivenciais.

7.    A presença do ser humano vivo em cena é o maior diferencial do teatro em relação ao cinema e ao vídeo, formas cênicas projetadas. As formas projetadas, bi ou tridimensionais, são frias, hipnóticas e, com exceção das transmissões ao vivo, previamente acabadas. A cena teatral é viva. O instante da criação é presenciado, proporcionando a experiência compartilhada entre ator e espectador, que se encontram num mesmo local, no mesmo instante.

A relação interpessoal é possível no teatro. Stanislavski fala de “romper a quarta parede”, estabelecendo-se o intercâmbio de energias psíquicas entre palco e platéia. Mesmo numa vídeo-conferência, a interação é restrita e não tem o potencial de integração proporcionado pelo teatro.

8.    Mesmo quando elaborado previamente, o teatro sempre tem um componente improvisacional, abrindo-se para o inesperado. Não existem duas apresentações exatamente iguais de uma mesma peça. Improvisos e adaptações sempre são possíveis. Mais que isso, porém, a própria relação dos atores com os espectadores muda a cada sessão, pois se trata de uma troca emotiva e energética que depende das duas partes e do momento compartilhado. Esta abertura para o inesperado é um dos maiores encantos do teatro, constituindo-se em fator de atenção, interesse e registro mnemônico.

O filme, o vídeo, o quadro, a escultura, a música gravada, são obras concluídas, acabadas. Repetido mil vezes, um filme será sempre igual, salvo algum dano material ou acidente de projeção. No teatro, a repetição nunca será igual. Nisto reside parte do encantamento desta arte efêmera, que se perpetua em quem compartilhou o momento da criação.

9.    Fazendo-se uma análise de custo x benefício de um espetáculo como evento de treinamento, pode-se verificar que o custo per capita é relativamente baixo. Isso porque uma apresentação teatral pode ser assistida por muito mais pessoas do que um treinamento convencional, sem perda de qualidade na assimilação. Além disso, por ser de curta duração, esta forma de treinamento terá impacto reduzido sobre a rotina de trabalho da empresa.

Alberto Centurião (HTTP://albertocenturiao.blogspot.com.bralbertocenturiao@gmail.com)

É consultor, autor e diretor de Teatro-treinamento. Dramaturgo, encenador 

#Teatro-treinamento, #Teatro, #Linguagem