Há quanto tempo você está deprimido? Esta é a primeira questão a ser colocada pelo Coach. Quando começou essa depressão? Trata-se de um estado de ânimo pontual, ou é algo mais persistente, que se mantém há mais tempo? Sua depressão é do tipo que vai e volta? Que se alterna com ciclos de euforia?
Essas
perguntas são importantes, porque o estado depressivo continuado, prolongado ou
oscilante, pode ser sintoma de um quadro clínico sério, a demandar tratamento clínico
com um psiquiatra, neuropsiquiatra ou psicólogo. Diante de um caso semelhante,
que pode sinalizar um quadro de depressão crônica, bipolaridade, transtorno
borderline ou outros distúrbios de comportamento, o dever do Coach é orientar
seu coachee a buscar tratamento com
um profissional de saúde especializado, por uma das muitas formas de
psicoterapia, com eventual apoio medicamentoso. Em alguns casos, é aconselhável
suspender o processo de coaching até que a psicoterapia proporcione alguma
estabilidade.
Como já
dissemos em outros artigos, a psicoterapia tem por objeto ajudar o sujeito a
resolver questões mal resolvidas do passado, a fim de torná-lo operacional,
emocionalmente estável e produtivo no presente. Já o coaching tem por objeto
ajudar o indivíduo a identificar seus potenciais e definir as metas que
pretende realizar no futuro.
Em que situações o Coaching pode
ajudar?
Por outro
lado, se o estado deprimido é pontual; desânimo, nostalgia intermitente ou
falta de estímulo para enfrentar os desafios do dia, então o Coaching pode ser
um instrumento muito útil para ajudar a pessoa a mudar seu estado de ânimo, que
é frequentemente ocasionado pela falta de perspectivas ou pela falta de nexo
entre os objetivos estabelecidos e os valores
pessoais(1).
Qual a perspectiva Coaching para
o desânimo?
Se a pessoa
não tem metas que a desafiem é natural que esteja desanimada. Havendo metas
definidas, pode ser que essas metas estejam em contradição com os valores
pessoais do sujeito; se essa contradição interna não for equacionada, faltará
motivação para agir.
Como o Coach aborda essa questão?
Primeiro é
preciso fazer perguntas para ajudar o coachee a identificar com clareza as
causas do desânimo. Verificar se ele tem uma percepção nítida dos seus desejos
e planos para o futuro, se tem clareza do que pretende realizar, das mudanças
que deseja fazer na sua vida. Sendo esse o caso, o caminho natural será
prosseguir com os questionamentos até que a pessoa acesse seus potenciais e
identifique a maneira mais prazerosa de canalizar esses potenciais para a
realização pessoal. Definida uma direção a seguir, o próximo passo será o apoio
ao coachee para a definição de metas desafiadora e possíveis de serem
alcançadas. Em seguida, validar essas metas perante os valores pessoais do
coachee, para garantir a motivação no médio e longo prazos. Ter metas nítidas e
desafiadoras é altamente motivador.
Outra
situação desanimadora ocorre quando a pessoa tem metas definidas, porém essas
metas foram estabelecidas sem levar em conta seus valores, talentos e anseios.
Frequentemente os planos são traçados em termos práticos, visando resultados
objetivos, seguindo conselhos de pessoas bem-sucedidas ou tendências do mercado
de trabalho, ou ainda por respeito a tradições e conveniências familiares.
Ocorre que nem sempre o mais conveniente será o mais satisfatório. Cada
indivíduo tem suas tendências, desejos, valores e preferências. O que é ótimo
do ponto de vista objetivo pode tornar-se insuportável quando contraria esses
traços da individualidade.
O trabalho
do Coach começará por uma verificação da ecologia
da meta(2), de modo que o coachee identifique os fatores de
incongruência causadores do desânimo. Feito isso, ajudar o coachee a
inventariar talentos, sonhos e os recursos pessoais que já tem e os que ainda
lhe faltam para alcançar os objetivos capazes de lhe proporcionar satisfação.
Esse inventário possibilitará ajustar os objetivos anteriormente estabelecidos,
ou descartá-los em troca de novos objetivos mais satisfatórios e motivadores. Esse
caminho levará à definição de novas metas de resultado, plenamente alinhadas
com o código de valores internos do coachee, produzindo um estado de ânimo
intensamente motivado.
Então as metas vencem a depressão?
Quando a
tristeza e o desânimo forem causados pela falta de perspectivas, ou por
perspectivas insatisfatórias, sim. Metas alinhadas com as tendências, os
desejos, os valores e as preferências pessoais são estimulantes fortíssimos
para a produção do coquetel de hormônios que estimulam o organismo a agir,
reagir e interagir com maior intensidade, como a ocitocina, a serotonina, a
endorfina, a dopamina e a adrenalina.
Entretanto,
como dissemos no início, quando a depressão for causada por trauma, psicose ou
transtorno neuropsíquico, é assunto para psicólogos, neurologistas e
psiquiatras.
∞8∞
(1) Valores pessoais são referenciais éticos, indicativos de certo ou errado, vale a pena ou não vale, devo ou não devo etc. Quando a meta é validada por um valor pessoal, haverá motivação
para alcançá-la. Se a meta não for validada por esse código de ética pessoal, a
tendência é que se perca motivação durante o processo. Voltarei ao assunto em
outro artigo.
(2) Sobre a ecologia da meta falarei em um próximo artigo, pois
o assunto merece atenção. Refere-se ao caráter benigno que a meta deve ter, a
fim de ter validade a longo prazo; é importante verificar se a meta não poderá,
de algum modo, causar dano a terceiros ou ao próprio sujeito.
∞8∞
Quer fazer
uma pergunta para o Coach? Mande sua mensagem para albertocenturiao@gmail.com .
Quem é Alberto Centurião?
Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International
Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching
executivo e liderança coach.
Autor dos livros:
Brasil 500 Anos de Mau Atendimento – Ombudsman, a face da empresa
cidadã –Call Center ao alcance
de todos − Livrinho! (Micropoemas)
– O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).
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