terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Coaching para vencer a Depressão???

 Há quanto tempo você está deprimido? Esta é a primeira questão a ser colocada pelo Coach. Quando começou essa depressão? Trata-se de um estado de ânimo pontual, ou é algo mais persistente, que se mantém há mais tempo? Sua depressão é do tipo que vai e volta? Que se alterna com ciclos de euforia?

Essas perguntas são importantes, porque o estado depressivo continuado, prolongado ou oscilante, pode ser sintoma de um quadro clínico sério, a demandar tratamento clínico com um psiquiatra, neuropsiquiatra ou psicólogo. Diante de um caso semelhante, que pode sinalizar um quadro de depressão crônica, bipolaridade, transtorno borderline ou outros distúrbios de comportamento, o dever do Coach é orientar seu coachee a buscar tratamento com um profissional de saúde especializado, por uma das muitas formas de psicoterapia, com eventual apoio medicamentoso. Em alguns casos, é aconselhável suspender o processo de coaching até que a psicoterapia proporcione alguma estabilidade.

Como já dissemos em outros artigos, a psicoterapia tem por objeto ajudar o sujeito a resolver questões mal resolvidas do passado, a fim de torná-lo operacional, emocionalmente estável e produtivo no presente. Já o coaching tem por objeto ajudar o indivíduo a identificar seus potenciais e definir as metas que pretende realizar no futuro.

Em que situações o Coaching pode ajudar?

Por outro lado, se o estado deprimido é pontual; desânimo, nostalgia intermitente ou falta de estímulo para enfrentar os desafios do dia, então o Coaching pode ser um instrumento muito útil para ajudar a pessoa a mudar seu estado de ânimo, que é frequentemente ocasionado pela falta de perspectivas ou pela falta de nexo entre os objetivos estabelecidos e os valores pessoais(1).

Qual a perspectiva Coaching para o desânimo?

Se a pessoa não tem metas que a desafiem é natural que esteja desanimada. Havendo metas definidas, pode ser que essas metas estejam em contradição com os valores pessoais do sujeito; se essa contradição interna não for equacionada, faltará motivação para agir.

Como o Coach aborda essa questão?

Primeiro é preciso fazer perguntas para ajudar o coachee a identificar com clareza as causas do desânimo. Verificar se ele tem uma percepção nítida dos seus desejos e planos para o futuro, se tem clareza do que pretende realizar, das mudanças que deseja fazer na sua vida. Sendo esse o caso, o caminho natural será prosseguir com os questionamentos até que a pessoa acesse seus potenciais e identifique a maneira mais prazerosa de canalizar esses potenciais para a realização pessoal. Definida uma direção a seguir, o próximo passo será o apoio ao coachee para a definição de metas desafiadora e possíveis de serem alcançadas. Em seguida, validar essas metas perante os valores pessoais do coachee, para garantir a motivação no médio e longo prazos. Ter metas nítidas e desafiadoras é altamente motivador.

Outra situação desanimadora ocorre quando a pessoa tem metas definidas, porém essas metas foram estabelecidas sem levar em conta seus valores, talentos e anseios. Frequentemente os planos são traçados em termos práticos, visando resultados objetivos, seguindo conselhos de pessoas bem-sucedidas ou tendências do mercado de trabalho, ou ainda por respeito a tradições e conveniências familiares. Ocorre que nem sempre o mais conveniente será o mais satisfatório. Cada indivíduo tem suas tendências, desejos, valores e preferências. O que é ótimo do ponto de vista objetivo pode tornar-se insuportável quando contraria esses traços da individualidade.

O trabalho do Coach começará por uma verificação da ecologia da meta(2), de modo que o coachee identifique os fatores de incongruência causadores do desânimo. Feito isso, ajudar o coachee a inventariar talentos, sonhos e os recursos pessoais que já tem e os que ainda lhe faltam para alcançar os objetivos capazes de lhe proporcionar satisfação. Esse inventário possibilitará ajustar os objetivos anteriormente estabelecidos, ou descartá-los em troca de novos objetivos mais satisfatórios e motivadores. Esse caminho levará à definição de novas metas de resultado, plenamente alinhadas com o código de valores internos do coachee, produzindo um estado de ânimo intensamente motivado.

Então as metas vencem a depressão?

Quando a tristeza e o desânimo forem causados pela falta de perspectivas, ou por perspectivas insatisfatórias, sim. Metas alinhadas com as tendências, os desejos, os valores e as preferências pessoais são estimulantes fortíssimos para a produção do coquetel de hormônios que estimulam o organismo a agir, reagir e interagir com maior intensidade, como a ocitocina, a serotonina, a endorfina, a dopamina e a adrenalina.

Entretanto, como dissemos no início, quando a depressão for causada por trauma, psicose ou transtorno neuropsíquico, é assunto para psicólogos, neurologistas e psiquiatras.

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(1) Valores pessoais são referenciais éticos, indicativos de certo ou errado, vale a pena ou não vale, devo ou não devo etc. Quando a meta é validada por um valor pessoal, haverá motivação para alcançá-la. Se a meta não for validada por esse código de ética pessoal, a tendência é que se perca motivação durante o processo. Voltarei ao assunto em outro artigo.

(2) Sobre a ecologia da meta falarei em um próximo artigo, pois o assunto merece atenção. Refere-se ao caráter benigno que a meta deve ter, a fim de ter validade a longo prazo; é importante verificar se a meta não poderá, de algum modo, causar dano a terceiros ou ao próprio sujeito.

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Quer fazer uma pergunta para o Coach? Mande sua mensagem para albertocenturiao@gmail.com .

 

Quem é Alberto Centurião?

Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching executivo e liderança coach.

Autor dos livros:

Brasil 500 Anos de Mau AtendimentoOmbudsman, a face da empresa cidadã Call Center ao alcance de todos − Livrinho! (Micropoemas) – O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).

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