sábado, 27 de fevereiro de 2021

Estou velho. E agora?

 O que é velho para você? Defina “velho”. Velho para quê? Velho para quem? Em sua opinião, o que significa ser velho?

Essas perguntas são necessárias para iniciar o diálogo sobre a questão da “velhice”, ou da idade. O Coach precisa ajudar o Coachee a reformular sua autoimagem, a partir de uma percepção conceitual ampliada da questão da idade.

Houve tempos em que uma moça aos dezoito anos era considerada “muito velha para casar”. Em alguns ambientes corporativos, um executivo acima dos quarenta é considerado “velho”. Em contrapartida, existem posições a que dificilmente se tem acesso antes de alcançar a maturidade; e as jovens têm cada vez menos pressa em se casar.

É certo que algumas atividades dependem do vigor da juventude para manter o desempenho em alto nível.

É o caso dos atletas e bailarinos; ou de reflexos muito rápidos como os pilotos de competição, ou de coordenação motora fina como os cirurgiões, por exemplo. Se for o seu caso... Existe alguma coisa que você possa fazer para mudar essa realidade? Se não em definitivo, pelo menos que possa manter você em atividade por mais tempo? Mas se isso não for possível... Se você tiver realmente chegado à idade limite para a prática de sua atividade em alto nível... O que você pode fazer? Algo que dependa só de você?

Uma decisão inevitável é escolher o momento de ir para a aposentadoria. Parar enquanto está atuando em alto nível? Ou permanecer em atividade enquanto ainda conseguir manter um desempenho aceitável? No caso do atleta enquanto não prejudicar a equipe, no caso do neurocirurgião enquanto não colocar em risco a vida dos pacientes... Outra decisão importantíssima: O que você fará depois? Qual a atividade a que você se dedicará para preencher o espaço que ficará disponível em sua rotina? Dedicar-se-á inteiramente a uma atividade que já mantém em paralelo? Iniciará uma nova atividade? Já está preparado para ela ou terá que iniciar novo aprendizado? Tem meta estabelecida para alcançar nessa nova fase que se inicia? Será um trabalho na mesma área, em outra função? Ou em um novo ambiente? Que conhecimentos e habilidades você já tem adquiridos e que outros precisa adquirir para ser competente nessa nova atividade? O que você pode fazer, que dependa só de você, para dar o primeiro passo?

Entretanto, existem atividades que podem ser praticadas em alto nível até idade provecta, ou mesmo que demandem certo grau de maturidade pessoal para sua prática em alto nível.

Por exemplo, o Coaching, a clínica médica ou a gestão de negócios, que se beneficiam com a maturidade. Nesse caso, cabe uma pergunta: Quem foi que “envelheceu”? Seu corpo? Ou seus conhecimentos? Porque o que garante a longevidade no mercado é a constante atualização profissional. Você gostaria de ser operado por um cirurgião que praticasse as melhores técnicas cirúrgicas de vinte anos atrás? É óbvio que não, por isso mesmo os cirurgiões estão sempre participando de congressos e cursos de atualização. A experiência é valiosa, quando colocada a serviço do conhecimento de ponta. Se você percebe que “envelheceu profissionalmente”, o que pode fazer para se colocar em dia com o que há de mais recente em sua área? Estudos? Prática? Migração? Seus conhecimentos adquiridos podem ser úteis em novas aplicações, fora do espaço habitual? Você realmente deseja permanecer nessa atividade? Ou teria chegado o momento para mudar de área? Talvez buscando algum trabalho que lhe proporcione maior prazer, ou traga novos desafios?

De um modo ou de outro, a velhice chega para todos... Pelo menos para a maioria.

A chamada terceira idade, mais dia, menos dia, bate à nossa porta e traz com ela novas demandas, limitações e algumas possibilidades. Entretanto, com o aumento da expectativa de vida com qualidade, apresenta-se a ocasião de pensar numa segunda ou terceira carreira. O que você gostaria de fazer agora? Que lhe dê muito, mas muito prazer de trabalhar?

Uma delas é a aposentadoria, sobre a qual pretendo falar em outro artigo, por ser uma situação que interessa a muitas pessoas e merece uma abordagem mais detalhada.

A pessoa idosa tem algumas desvantagens, por conta do desgaste do equipamento físico, é preciso reconhecer. Por outro lado, existe a vantagem da experiência, do conhecimento adquirido, da maturidade... O que você pode fazer agora com tudo isso? Como usar a seu favor esse patrimônio pessoal, acumulado ao longo de décadas? Onde está o “caminho das pedras” que só você conhece?

Observando atentamente o mercado de trabalho, onde é que existe espaço interessante, na sua área de expertise, que possa ser ocupada por um profissional mais velho, experiente e com um currículo confiável? Em vez de tentar competir com os jovens, que tal focar nos cargos que demandam experiência e maturidade?

Ou... Já pensou em mudar de área? Empreender? Existe um projeto que você sonha, mas deixa sempre para depois? Teria chegado o momento de começar de novo? De renascer profissionalmente?

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Quer fazer uma pergunta para o Coach? Mande sua mensagem para albertocenturiao@gmail.com

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Navegar ou esculpir barcos?


Foto: Barco Madera, bronce, cobre - Laura Quezada

Era uma vez um velho artesão que ganhava a vida vendendo os barquinhos entalhados em madeira que fazia em sua modesta oficina. Sua vida inteira passara entalhando barquinhos de madeira, mercadoria muito apreciada pelos turistas que veraneavam por aquelas praias.

O velho artesão começou a sentir-se entediado com seu ofício, a cada novo pedaço de madeira que começava a entalhar ele tinha a sensação de já saber como seria o resultado final do trabalho. Mudavam as cores, mudava o tamanho, mas era sempre o mesmo barquinho recorrente.

Cansado do velho ofício, decidiu tornar-se pescador. Pela primeira vez na vida, embarcou num daqueles barquinhos que tantas vezes entalhara nos pedaços de madeira que recolhia na praia. Foi ao mar, lançou e recolheu redes, enfrentou mar calmo e tempestuoso, sentiu o cheiro dos peixes... mas não estava totalmente satisfeito com a sua nova profissão, embora com ela suprisse o sustento da família. Faltava-lhe algo.

Certo dia, em que o mar proceloso não permitia que os pescadores saíssem com suas embarcações, nosso artesão-pescador caminhava pela praia quando teve sua atenção atraída por um velho galho ressequido e retorcido. Tirando do bolso o canivete, começou a esculpir aquela madeira dura e difícil, deixando suas mãos agirem por instinto, sem parar para pensar no que deveria ser feito.

Em questão de minutos a madeira foi tomando a forma de um barco, mas era um barco diferente daqueles que sempre esculpira. À medida que suas mãos trabalhavam, guiadas pelo tato e pelos automatismos tão exercitados, os olhos do escultor se maravilhavam com a magnífica embarcação que era aos poucos revelada. Aquele barco tinha vida, expressava toda a emoção de um velho pescador em sua luta contra o mar tempestuoso.

Quando a escultura ficou pronta, o velho artesão percebeu que jamais poderia deixar de esculpir barcos. Mas também entendeu que daquele dia em diante seus barquinhos nunca mais seriam os mesmos, pois doravante cada um deles seria o retrato da alma de um homem.

Com seu espírito enriquecido pela vivência como pescador ele voltou a esculpir,  imprimindo à madeira uma alma além da forma. Seus trabalhos foram valorizados, agora vistos como obras de arte e não mais como mero artesanato. E aquele velho artesão jamais voltou a sentir tédio, porque cada barco que esculpia era um novo barco, a bordo do qual fazia uma nova viagem por seu mar interior.

Se você está descontente com o que faz e anda pensando em mudar de profissão, pergunte a si mesmo:

- O que você precisa para ser feliz? Mudar de profissão ou enfrentar desafios maiores, fazendo aquilo que sabe fazer melhor?

As respostas a essas e outras perguntas estão em você, basta ter a coragem de perguntar, ouvir e fazer o que seu coração mandar.

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Quer fazer uma pergunta para o Coach? Mande sua mensagem para albertocenturiao@gmail.com .

 

Quem é Alberto Centurião?

Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching executivo e liderança coach.

Autor dos livros:

Brasil 500 Anos de Mau AtendimentoOmbudsman, a face da empresa cidadã Call Center ao alcance de todos − Livrinho! (Micropoemas) – O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

e-Book saindo do forno. Aguardem lançamento em breve!


 Foi com método e sistema que o mundo foi dividido entre quem pode e quem não, quem manda e quem obedece; quem sabe e quem ignora, quem produz e quem consome. Foi a crença na escassez que fundou a divisão entre povos concorrentes, num planeta dividido entre fartos e famintos, entre impérios e colônias; inseridos e excluídos, castas, classes sociais. Foi a falta de empatia que moldou nossas cidades num cenário fracionado entre abundância e penúria, entre conforto e miséria. E assim, dessa maneira, a vida foi ordenada.

O caderno do filho
Alberto Centuriáo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Coaching para vencer a Depressão???

 Há quanto tempo você está deprimido? Esta é a primeira questão a ser colocada pelo Coach. Quando começou essa depressão? Trata-se de um estado de ânimo pontual, ou é algo mais persistente, que se mantém há mais tempo? Sua depressão é do tipo que vai e volta? Que se alterna com ciclos de euforia?

Essas perguntas são importantes, porque o estado depressivo continuado, prolongado ou oscilante, pode ser sintoma de um quadro clínico sério, a demandar tratamento clínico com um psiquiatra, neuropsiquiatra ou psicólogo. Diante de um caso semelhante, que pode sinalizar um quadro de depressão crônica, bipolaridade, transtorno borderline ou outros distúrbios de comportamento, o dever do Coach é orientar seu coachee a buscar tratamento com um profissional de saúde especializado, por uma das muitas formas de psicoterapia, com eventual apoio medicamentoso. Em alguns casos, é aconselhável suspender o processo de coaching até que a psicoterapia proporcione alguma estabilidade.

Como já dissemos em outros artigos, a psicoterapia tem por objeto ajudar o sujeito a resolver questões mal resolvidas do passado, a fim de torná-lo operacional, emocionalmente estável e produtivo no presente. Já o coaching tem por objeto ajudar o indivíduo a identificar seus potenciais e definir as metas que pretende realizar no futuro.

Em que situações o Coaching pode ajudar?

Por outro lado, se o estado deprimido é pontual; desânimo, nostalgia intermitente ou falta de estímulo para enfrentar os desafios do dia, então o Coaching pode ser um instrumento muito útil para ajudar a pessoa a mudar seu estado de ânimo, que é frequentemente ocasionado pela falta de perspectivas ou pela falta de nexo entre os objetivos estabelecidos e os valores pessoais(1).

Qual a perspectiva Coaching para o desânimo?

Se a pessoa não tem metas que a desafiem é natural que esteja desanimada. Havendo metas definidas, pode ser que essas metas estejam em contradição com os valores pessoais do sujeito; se essa contradição interna não for equacionada, faltará motivação para agir.

Como o Coach aborda essa questão?

Primeiro é preciso fazer perguntas para ajudar o coachee a identificar com clareza as causas do desânimo. Verificar se ele tem uma percepção nítida dos seus desejos e planos para o futuro, se tem clareza do que pretende realizar, das mudanças que deseja fazer na sua vida. Sendo esse o caso, o caminho natural será prosseguir com os questionamentos até que a pessoa acesse seus potenciais e identifique a maneira mais prazerosa de canalizar esses potenciais para a realização pessoal. Definida uma direção a seguir, o próximo passo será o apoio ao coachee para a definição de metas desafiadora e possíveis de serem alcançadas. Em seguida, validar essas metas perante os valores pessoais do coachee, para garantir a motivação no médio e longo prazos. Ter metas nítidas e desafiadoras é altamente motivador.

Outra situação desanimadora ocorre quando a pessoa tem metas definidas, porém essas metas foram estabelecidas sem levar em conta seus valores, talentos e anseios. Frequentemente os planos são traçados em termos práticos, visando resultados objetivos, seguindo conselhos de pessoas bem-sucedidas ou tendências do mercado de trabalho, ou ainda por respeito a tradições e conveniências familiares. Ocorre que nem sempre o mais conveniente será o mais satisfatório. Cada indivíduo tem suas tendências, desejos, valores e preferências. O que é ótimo do ponto de vista objetivo pode tornar-se insuportável quando contraria esses traços da individualidade.

O trabalho do Coach começará por uma verificação da ecologia da meta(2), de modo que o coachee identifique os fatores de incongruência causadores do desânimo. Feito isso, ajudar o coachee a inventariar talentos, sonhos e os recursos pessoais que já tem e os que ainda lhe faltam para alcançar os objetivos capazes de lhe proporcionar satisfação. Esse inventário possibilitará ajustar os objetivos anteriormente estabelecidos, ou descartá-los em troca de novos objetivos mais satisfatórios e motivadores. Esse caminho levará à definição de novas metas de resultado, plenamente alinhadas com o código de valores internos do coachee, produzindo um estado de ânimo intensamente motivado.

Então as metas vencem a depressão?

Quando a tristeza e o desânimo forem causados pela falta de perspectivas, ou por perspectivas insatisfatórias, sim. Metas alinhadas com as tendências, os desejos, os valores e as preferências pessoais são estimulantes fortíssimos para a produção do coquetel de hormônios que estimulam o organismo a agir, reagir e interagir com maior intensidade, como a ocitocina, a serotonina, a endorfina, a dopamina e a adrenalina.

Entretanto, como dissemos no início, quando a depressão for causada por trauma, psicose ou transtorno neuropsíquico, é assunto para psicólogos, neurologistas e psiquiatras.

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(1) Valores pessoais são referenciais éticos, indicativos de certo ou errado, vale a pena ou não vale, devo ou não devo etc. Quando a meta é validada por um valor pessoal, haverá motivação para alcançá-la. Se a meta não for validada por esse código de ética pessoal, a tendência é que se perca motivação durante o processo. Voltarei ao assunto em outro artigo.

(2) Sobre a ecologia da meta falarei em um próximo artigo, pois o assunto merece atenção. Refere-se ao caráter benigno que a meta deve ter, a fim de ter validade a longo prazo; é importante verificar se a meta não poderá, de algum modo, causar dano a terceiros ou ao próprio sujeito.

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Quem é Alberto Centurião?

Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching executivo e liderança coach.

Autor dos livros:

Brasil 500 Anos de Mau AtendimentoOmbudsman, a face da empresa cidadã Call Center ao alcance de todos − Livrinho! (Micropoemas) – O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Coaching Nutela X Coaching Raiz


 

Você sabe o que é Coaching? Não sabe? Mais ou menos? Tem uma vaga ideia?

Sabe o que aconteceu quando a música sertaneja começou a fazer sucesso e o estilo brega entrou em decadência? Sim, você sabe. Ocorreu uma migração em massa de artistas bregas para o estilo sertanejo, resultando no surgimento de um gênero novo, que incorporava elementos importados do pop com os arranjos vocais em terça para traduzir aquela interminável dor-de-corno que os bregas tanto amam e faz parte do seu DNA. Foi aí que os músicos sertanejos de origem, aqueles legítimos herdeiros dos “caipiras” nutridos no nosso folclore e que fizeram um esforço heroico para obter o reconhecimento da música sertaneja, reagindo a esse processo de descaracterização, criaram o termo “sertanejo raiz” para identificar o produto original, sem aditivos e adulterações. E chamaram de “sertanejo nutela” a toda corrente que incorporava modismos de ocasião.

Pois é, foi isso que aconteceu com o Coaching, um nome estranho para uma metodologia nova, que começou a ganhar visibilidade no Brasil exatamente quando começou a ser questionada a eficácia da literatura de autoajuda e dos palestrantes motivacionais. Percebendo seu mercado ameaçado pelo desgaste da imagem, esses profissionais precisavam de uma nova roupagem, uma nova denominação, um novo rótulo, para continuarem a vender “a qualidade de sempre, agora em nova embalagem”. Nos modismos do RH, o Coaching era a bola da vez... E logo uma legião de palestrantes motivacionais, treinadores indoor e outdoor, terapeutas disso e daquilo, consultores comportamentais, gurus e xamãs formaram fila para vestir o novo figurino, afixando adesivos de COACHING em letras brilhantes nas suas latinhas que continham exatamente o mesmo conteúdo de sempre. A velha latinha, AGORA COACHING! A qualidade de sempre, agora em nova embalagem.

E foi assim que surgiu a onda do Coaching Nutela, que se alastrou feito praga, descaracterizando o termo Coaching a ponto de virar piada. Ante o ridículo atroz a que sua atividade vem sendo exposta em todos os meios de comunicação, por conta das inúmeras bizarrias e esquisitices apregoadas e praticadas em seu nome, resta aos coaches de origem, quando questionados, a mesma resposta dos sertanejos fiéis a suas origens:

Hoje tem dois tipos de Coaching no mercado – o Coaching Raiz e o Coaching Nutela. Ou, para os mais antigos, Coaching Viúva Porcina, a que era sem nunca ter sido.

Alberto Centurião

Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching executivo e liderança coach.

Autor dos livros:

Brasil 500 Anos de Mau AtendimentoOmbudsman, a face da empresa cidadã Call Center ao alcance de todos − Livrinho! (Micropoemas) – O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).