sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Navegar ou esculpir barcos?


Foto: Barco Madera, bronce, cobre - Laura Quezada

Era uma vez um velho artesão que ganhava a vida vendendo os barquinhos entalhados em madeira que fazia em sua modesta oficina. Sua vida inteira passara entalhando barquinhos de madeira, mercadoria muito apreciada pelos turistas que veraneavam por aquelas praias.

O velho artesão começou a sentir-se entediado com seu ofício, a cada novo pedaço de madeira que começava a entalhar ele tinha a sensação de já saber como seria o resultado final do trabalho. Mudavam as cores, mudava o tamanho, mas era sempre o mesmo barquinho recorrente.

Cansado do velho ofício, decidiu tornar-se pescador. Pela primeira vez na vida, embarcou num daqueles barquinhos que tantas vezes entalhara nos pedaços de madeira que recolhia na praia. Foi ao mar, lançou e recolheu redes, enfrentou mar calmo e tempestuoso, sentiu o cheiro dos peixes... mas não estava totalmente satisfeito com a sua nova profissão, embora com ela suprisse o sustento da família. Faltava-lhe algo.

Certo dia, em que o mar proceloso não permitia que os pescadores saíssem com suas embarcações, nosso artesão-pescador caminhava pela praia quando teve sua atenção atraída por um velho galho ressequido e retorcido. Tirando do bolso o canivete, começou a esculpir aquela madeira dura e difícil, deixando suas mãos agirem por instinto, sem parar para pensar no que deveria ser feito.

Em questão de minutos a madeira foi tomando a forma de um barco, mas era um barco diferente daqueles que sempre esculpira. À medida que suas mãos trabalhavam, guiadas pelo tato e pelos automatismos tão exercitados, os olhos do escultor se maravilhavam com a magnífica embarcação que era aos poucos revelada. Aquele barco tinha vida, expressava toda a emoção de um velho pescador em sua luta contra o mar tempestuoso.

Quando a escultura ficou pronta, o velho artesão percebeu que jamais poderia deixar de esculpir barcos. Mas também entendeu que daquele dia em diante seus barquinhos nunca mais seriam os mesmos, pois doravante cada um deles seria o retrato da alma de um homem.

Com seu espírito enriquecido pela vivência como pescador ele voltou a esculpir,  imprimindo à madeira uma alma além da forma. Seus trabalhos foram valorizados, agora vistos como obras de arte e não mais como mero artesanato. E aquele velho artesão jamais voltou a sentir tédio, porque cada barco que esculpia era um novo barco, a bordo do qual fazia uma nova viagem por seu mar interior.

Se você está descontente com o que faz e anda pensando em mudar de profissão, pergunte a si mesmo:

- O que você precisa para ser feliz? Mudar de profissão ou enfrentar desafios maiores, fazendo aquilo que sabe fazer melhor?

As respostas a essas e outras perguntas estão em você, basta ter a coragem de perguntar, ouvir e fazer o que seu coração mandar.

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Quer fazer uma pergunta para o Coach? Mande sua mensagem para albertocenturiao@gmail.com .

 

Quem é Alberto Centurião?

Coach certificado pela Sociedade Latino Americana de Coaching e International Association of Coaching−Institutes, com especialização em coaching executivo e liderança coach.

Autor dos livros:

Brasil 500 Anos de Mau AtendimentoOmbudsman, a face da empresa cidadã Call Center ao alcance de todos − Livrinho! (Micropoemas) – O Caminho, Uma história de Coaching (E-book).


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