O advento da internet e do auto-atendimento vieram substituir em grande parte o volume de trabalho humano nas vendas ao consumidor. Também nos negócios entre empresas, os acordos nacionais entre fabricantes e redes de revenda, bem como os sistemas que emitem automaticamente ordens de compra com base na flutuação dos estoques, fizeram desaparecer um sem número de empregos de vendedor. Em todos os setores, muitos vendedores foram substituídos por atendentes.
De fato, na virada do milênio o homo mercator, vulgarmente conhecido como vendedor, entrou para a lista das profissões ameaçadas de extinção. A espécie foi dizimada em habitats degradados pela concorrência predadora dos sistemas automáticos, informatizados ou não.
Entretanto, existem coisas que os sistemas automatizados não conseguem fazer pelo comprador. Aconselhar, orientar, esclarecer dúvidas de cunho emocional, dar encorajamento, dar suporte à análise estratégica... Nos casos em que a venda depende desses fatores, a unidade biológica de vendas continua insubstituível.
Desapareceram, e vão continuar desaparecendo do mercado, os empregos de vendedor que demandam baixa qualificação e oferecem, geralmente, baixa remuneração. A virada do milênio marca de fato um salto evolutivo da espécie. Sobreviveram, porque se adaptam ao novo ambiente, os profissionais mais qualificados, capazes de dar conselhos e apoio emocional, esclarecer questionamentos técnicos e orientar. Ou seja, os vendedores qualificados para atuar em vendas complexas.
Portanto, a espécie passou por uma grande redução numérica, mas os sobreviventes a esse desastre ecológico estão com o futuro assegurado e serão cada vez mais valorizados.
Alberto Centurião
